terça-feira, 24 de dezembro de 2013

Feliz Natal e até 2014!

Prezados membros e amigos,

A Sobepi deseja a todos um Feliz Natal e um ótimo 2014! Logo abaixo, um pequeno texto de Luiz Alfredo Garcia-Roza, que nos inspira a pensar o lugar da psicanálise - bem como a sua singularidade e potência...


"Volto, pois à questão: onde situar a psicanálise? A resposta pode ser: em nenhum lugar preexistente. A psicanálise teria, nesse caso, operado uma ruptura com o saber existente e produzido o seu próprio lugar. Epistemologicamente, ela não se encontra em continuidade com saber algum, apesar de arqueologicamente estar ligada a todo um conjunto de saberes sobre o homem, que se formou a partir do século XIX.

O fato é que, ao percorrermos o caminho empreendido por Freud - caminho esse que jamais poderá ser o 'original', mas um caminho recorrido -, verificamos que seu começo, irredutível a qualquer origem estrangeira, é a produção do conceito de inconsciente que resultou numa clivagem da subjetividade. A partir desse momento, a subjetividade deixa de ser entendida como um todo unitário, identificado com a consciência e sob o domínio da razão, para ser uma realidade dividida em dois grandes sistemas - o Inconsciente e o Consciente - e dominada por uma luta interna em relação à qual a razão é apenas um efeito de superfície.

(...)O inconsciente permanece sendo o irredutível. Essa irredutibilidade não é devida, porém, a uma irracionalidade do inconsciente, ele não é o 'lugar das trevas' por oposição à racionalidade da consciência. A concepção freudiana do homem não opõe, no interior do mesmo indivíduo, o caos do inconsciente à ordem do consciente, mas sim duas ordens distintas. 

Aquilo a que ela se propõe é precisamente explicitar a lógica do inconsciente e o desejo que a anima."

[Luiz Alfredo Garcia-Roza, 'Freud e o Inconsciente', 1994]

Um abraço a todos,

Diretoria Colegiada

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