terça-feira, 19 de setembro de 2017

Freud e a homossexualidade

“Minha querida Senhora,
Lendo a sua carta, deduzo que seu filho é homossexual. Chamou fortemente a minha atenção o fato de a senhora não mencionar este termo na informação que acerca dele me enviou. Poderia lhe perguntar por que razão? Não tenho dúvidas que a homossexualidade não representa uma vantagem, no entanto, também não existem motivos para se envergonhar dela, já que isso não supõe vício nem degradação alguma.


Não pode ser qualificada como uma doença e nós a consideramos como uma variante da função sexual, produto de certa interrupção no desenvolvimento sexual. Muitos homens de grande respeito da Antiguidade e Atualidade foram homossexuais, e dentre eles, alguns dos personagens de maior destaque na história como Platão, Miguel Ângelo, Leonardo da Vinci, etc. É uma grande injustiça e também uma crueldade, perseguir a homossexualidade como se esta fosse um delito. Caso não acredite na minha palavra, sugiro-lhe a leitura dos livros de Havelock Ellis.

Ao me perguntar se eu posso lhe oferecer a minha ajuda, imagino que isso seja uma tentativa de indagar acerca da minha posição em relação à abolição da homossexualidade, visando substituí-la por uma heterossexualidade normal. A minha resposta é que, em termos gerais, nada parecido podemos prometer. Em certos casos conseguimos desenvolver rudimentos das tendências heterossexuais presentes em todo homossexual, embora na maioria dos casos não seja possível. A questão fundamenta-se principalmente, na qualidade e idade do sujeito, sem possibilidade de determinar o resultado do tratamento.

A análise pode fazer outra coisa pelo seu filho. Se ele estiver experimentando descontentamento por causa de milhares de conflitos e inibição em relação à sua vida social a análise poderá lhe proporcionar tranqüilidade, paz psíquica e plena eficiência, independentemente de continuar sendo homossexual ou de mudar sua condição.”

(Freud, Sigmund - 18 de Abril de1935. A carta está exibida no Museu de Sexologia, em Londres)

segunda-feira, 11 de setembro de 2017

Palestra: o fazer analítico nos dias atuais

Prezados membros e amigos, a Sobepi convida para a palestra:

'O fazer analítico nos dias atuais'



Embora desde 1937 Freud já abordasse o problema dos limites da interpretação, foi a partir do desafio colocado pelas patologias graves, de etiologia traumática, que a clínica psicanalítica se confronta ainda mais com esses limites, transformando-se profundamente. Minha proposta é abordar essas mudanças teórico-clínicas, partindo das contribuições pioneiras de Ferenczi, para depois trabalhar a perspectiva de Winnicott. 

Essas abordagens enfatizam as dimensões afetiva e relacional como os agentes terapêuticos mais importantes do processo analítico. Assim, nos dias atuais, a atitude analítica afasta-se da neutralidade distante e do privilegio dado à interpretação do recalcado, enfatizando-se o tato, a confiabilidade e a compreensão empática do analista, especialmente no tratamento de pacientes graves e regressivos.

Com Ana Lila
(Psicanalista membro do CPRJ e professora associada do Instituto de Psicologia da UFRJ)

Data:  06 de Outubro (6af), às 10h.
Local: Sobepi - Rua Elvira Machado, 06 - Botafogo / RJ.

Investimento: R$ 40
*Inscrições e Info.: (21) 2275-8205

Um abraço a todos
Diretoria Colegiada