"Existe uma assustadora falta de liberdade, de expressão e mesmo de ordenação do pensamento no campo psicanalítico. Essa ausência de liberdade, não obstante as diferenças formais e sociais das diferentes tradições psicanalíticas, tem uma dimensão internacional. Estamos nos defrontando com um problema estrutural da psicanálise, que, atravessando fronteiras, oceanos e continentes, se repete com insistência.
(...) O analista que perde a liberdade de dizer e de pensar nos campos simbólicos de sua filiação - mas que ao mesmo tempo é capaz de grandes bravatas frente a seus inimigos de filiação psicanalítica - funciona justamente como o sujeito descrito por Freud.
Esses analistas se inscrevem no registro do masoquismo, repetindo o discurso do outro de maneira tediosa e esterilizada, pois estão submissos e aprisionados à figura da mãe fálica. Com isso, eles não se deslocam do registro da onipotência primordial, pois não se arriscam a se lançar na experiência da castração. Mantêm-se alinhados pelo aprisionamento masoquista, gozando, devidamente, com isso, é claro.
Assim, somos levados a depreender que a perda da liberdade de pensar e de dizer se inscreve num registro masoquista, centrado na figura psíquica da falicidade."
[Adaptado de Birman, 2000, 'Mal-estar na atualidade']
Mas esta perda da liberdade de pensar está inscrita na sociedade e os psicanalistas fazem parte de tudo isto também. A falta de criatividade é o mais assutador em tudo isto!
ResponderExcluirMuito bom, e acho que é válido para diversas situações. Narciso sempre acha feio o que não é espelho.
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